O pacto social em <i>Grande sertão: veredas</i>: a ética do provisório

Autores

  • Leonardo Vieira de Almeida PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/Rio de janeiro - RJ

Palavras-chave:

Guimarães Rosa, Pacto social, Hermenêutica, Semiótica, Mito de Fausto,

Resumo

Um tema importante do romance de João Guimarães Rosa é a tentativa de se realizar um gesto fundador que erradique os confl itos do sertão. Mediante uma análise do empreendimento fáustico que, desde Adão até o herói goetheano, apresenta um caráter positivo, pressupondo um sujeito pleno, dotado de vontade, consciência, proporemos que o fator principal que move Riobaldo na realização do pacto é o indeterminismo. Seguindo essa linha, abordaremos a cisão do mito de Fausto na passagem do século 19 para o século 20, que substitui a conquista de uma obra civilizadora e progressista pelo ceticismo e a ironia. Nesse sentido, o gesto efetuado nas Veredas-Mortas, assumindo como uma de suas vertentes a extinção da barbárie jagunça, encontra após derrota dos Judas a contraparte do anti-belicismo. O velho fazendeiro Riobaldo, senhor de terras, tendo por empregados seus antigos jagunços, vive em tenso equilíbrio, ameaçado a cada instante por uma nova irrupção da maldade. Por sinal, todos os outros chefes jagunços, Medeiro Vaz, Joca Ramiro, Zé Bebelo não conseguem se apoiar em nenhum princípio fundador que potencialize os objetivos do pacto social.

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Publicado

10/04/2010

Edição

Seção

Guimarães Rosa